quarta-feira, 25 de abril de 2012

“Abril, lembranças mil”, encheu a biblioteca de testemunhos, música e vozes

Celebrou-se, ontem, dia 24 de abril, na biblioteca da Escola Básica de Mira, a noite em que, há 38 anos, o desejo de liberdade se fez arma e saiu dos quartéis. 
Esta noite mágica, que transformou o cardado das botas dos capitães e soldados em clamor do povo, foi simbolicamente concebida com dois momentos.
O primeiro, em que se lembrou não só a guerra colonial e a repressão que existia antes do 25 de abril, mas também a resistência popular, expressa em atitudes, poemas e canções. 
O segundo, em que se ouviu a canção/senha para a saída dos quartéis, se escutou o comunicado do MFA difundido pela rádio e se tocaram e cantaram algumas canções de esperança e alegria ouvidas a 25 de abril.
Participaram, nesta evocação, os oradores Mestre Alcino Clemente, que falou da luta e privações dos homens do mar antes do 25 de abril, António Veríssimo, lembrando a repressão de que eram vítimas todos os opositores ao regime salazarista, Álvaro Carvalho, fazendo uma analogia com a atualidade, no tocante à soberania nacional, Carlos Albano, lendo uma comunicação de Mário Tomé, que não pôde comparecer por motivos familiares, e Vítor Gomes, lendo o manifesto da Associação 25 de Abril. 
A poesia marcou presença na voz de Rosa Garrucho, que declamou, de Manuel Alegre, “A segunda canção com lágrimas”, “Metralhadoras cantam” e “As mãos”; escutou-se, ainda, poesia escrita e dita por três alunos do 5.ºC, a Maria José, o António e a Rebeca.
Entre cada intervenção, as canções de Adriano Correia de Oliveira e José Afonso ecoaram. Foram intérpretes dos temas “Verdes são os campos” e “Balada de Outono”, o Grupo Coral de Mira; de “Os vampiros” e “Canto Moço”, Constança e Custódio Monteiro; de “Trova do vento que passa”, “Traz outro amigo também”, “Senhora do Almortão” e “O que faz falta”, o grupo Ciclos; de “Grândola, vila morena” e “Chula da Póvoa”, os Sumeterraio. 
Para encerrar a tertúlia, foram distribuídos cravos vermelhos aos presentes, que excederam largamente a lotação da biblioteca, e aplaudidas duas figuras públicas que já não se encontram entre nós, o eurodeputado Miguel Portas e o cantor de intervenção e poeta Paulo Saraiva. 
A 6.ª edição da tertúlia “Conversas ao borralho”, organizada pela Biblioteca da Escola Básica de Mira, realizou-se no âmbito da iniciativa “Mira, capital da liberdade” e contou com o apoio do Agrupamento de Escolas de Mira, Associação 25 de Abril, Associação José Afonso, Café Aliança, Câmara Municipal de Mira, Clube Literário de Mira, Diligência Bar, Eurocompras, Movimento Republicano 5 de Outubro e Projeto Cultura e Cidadania .


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