Celebrou-se,
ontem, dia 24 de abril, na biblioteca da Escola Básica de Mira, a noite em que,
há 38 anos, o desejo de liberdade se fez arma e saiu dos quartéis.
Esta
noite mágica, que transformou o cardado das botas dos capitães e soldados em
clamor do povo, foi simbolicamente concebida com dois momentos.
O
primeiro, em que se lembrou não só a guerra colonial e a repressão que existia
antes do 25 de abril, mas também a resistência popular, expressa em atitudes,
poemas e canções.
O
segundo, em que se ouviu a canção/senha para a saída dos quartéis, se escutou o
comunicado do MFA difundido pela rádio e se tocaram e cantaram algumas canções
de esperança e alegria ouvidas a 25 de abril.
Participaram,
nesta evocação, os oradores Mestre Alcino Clemente, que falou da
luta e privações dos homens do mar antes do 25 de abril, António Veríssimo,
lembrando a repressão de que eram vítimas todos os opositores ao regime
salazarista, Álvaro Carvalho, fazendo uma analogia com a atualidade, no
tocante à soberania nacional, Carlos Albano, lendo uma comunicação
de Mário Tomé, que não pôde
comparecer por motivos familiares, e Vítor Gomes, lendo o manifesto da
Associação 25 de Abril.
A
poesia marcou presença na voz de Rosa Garrucho, que declamou, de Manuel Alegre, “A segunda canção com
lágrimas”, “Metralhadoras cantam” e “As mãos”; escutou-se, ainda, poesia
escrita e dita por três alunos do 5.ºC, a Maria José, o António e a Rebeca.
Entre
cada intervenção, as canções de Adriano Correia de Oliveira e José
Afonso ecoaram. Foram intérpretes dos temas “Verdes são os campos” e
“Balada de Outono”, o Grupo Coral de Mira; de “Os
vampiros” e “Canto Moço”, Constança e Custódio Monteiro; de “Trova
do vento que passa”, “Traz outro amigo também”, “Senhora do Almortão” e “O que
faz falta”, o grupo Ciclos; de “Grândola, vila morena” e “Chula da Póvoa”, os Sumeterraio.
Para
encerrar a tertúlia, foram distribuídos cravos vermelhos aos presentes, que
excederam largamente a lotação da biblioteca, e aplaudidas duas figuras
públicas que já não se encontram entre nós, o eurodeputado Miguel Portas e o cantor de intervenção e poeta Paulo Saraiva.
A
6.ª edição da tertúlia “Conversas ao borralho”, organizada pela Biblioteca da Escola Básica de Mira,
realizou-se no âmbito da iniciativa “Mira,
capital da liberdade” e contou com o apoio do Agrupamento de Escolas de Mira, Associação
25 de Abril, Associação José Afonso,
Café Aliança, Câmara Municipal de Mira, Clube
Literário de Mira, Diligência Bar, Eurocompras, Movimento Republicano 5 de Outubro e Projeto Cultura e Cidadania .